Pesquisa revela perfil dos usuários que preferem moto ao transporte público

O jornal O Globo publicou em 3 de dezembro uma matéria intitulada “Rápido, Barato e Perigoso”, que apresenta uma pesquisa inédita do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ. O estudo traça o perfil dos usuários que escolhem a moto em vez do transporte público na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A pesquisa ouviu 2.616 pessoas em 22 cidades entre junho e agosto, revelando que 96,75% utilizam a moto em suas rotinas, seja por aplicativos (57,38%), mototáxis (12,31%) ou veículo próprio (27,06%).

Motivos para a preferência pela moto

A prioridade dos usuários de moto é clara: chegar rapidamente ao destino gastando pouco. Cerca de 65% usam a moto mais de três vezes por semana, geralmente em viagens curtas de até 20 minutos, com gastos inferiores a R$ 10. O tempo aparece como fator central para essa escolha, já que 42% dos entrevistados afirmam que bastaria o ônibus ser cinco minutos mais rápido para considerarem mudar para o transporte público.

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  • Riscos e impactos da escolha pela moto

    Apesar da rapidez e do baixo custo, o uso da moto envolve riscos elevados. A pesquisa mostra que 47,18% dos usuários já sofreram quedas ou outros tipos de acidentes, e 99,92% sentem preocupação durante os deslocamentos. Mesmo após acidentes, 59,74% continuam utilizando a moto regularmente. Os dados de saúde pública refletem essa realidade: até setembro, a rede estadual registrou 2.641 internações por acidentes de moto, com 62 mortes.

    Desafios para o transporte público e soluções propostas

    Os pesquisadores destacam a necessidade urgente de investimentos no transporte público para reduzir a preferência pela moto. Entre as recomendações, sugerem a criação de mais corredores exclusivos e faixas preferenciais para ônibus, visando diminuir o tempo de viagem e aumentar a previsibilidade. Glaydston Mattos Ribeiro, diretor executivo da Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos (Coppetec), aponta a falta de investimento e atenção ao transporte público como causas de diversos problemas.

    O papel dos planejadores na mobilidade urbana

    Eunice Horácio, gerente de Mobilidade Urbana da Semove, destaca que os planejadores do sistema de transportes devem identificar falhas e compreender as deficiências da rede e do sistema coletivo. O objetivo consiste em buscar soluções que incentivem o usuário a escolher modos de transporte mais seguros. Políticas públicas precisam garantir opções adequadas e rápidas, evitando a “inundação de motocicletas” nas ruas. As propostas serão discutidas em uma mesa redonda que apresentará o estudo completo.

    Conclusão: moto e o desafio da mobilidade segura

    A pesquisa evidencia que a moto representa uma escolha frequente para quem busca rapidez e economia no deslocamento. No entanto, os riscos associados ao uso da moto permanecem altos, impactando a saúde pública e a segurança viária. Investir no transporte público e criar políticas eficazes pode transformar essa realidade, oferecendo alternativas mais seguras e eficientes para os usuários. Assim, a moto continuará presente, mas com um papel mais equilibrado na mobilidade urbana.

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