O Setrerj, o Setransduc e o Transônibus – sindicatos que representam as empresas em dez municípios da Baixada Fluminense e na região de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e Tanguá – reforçam mais uma vez o alerta sobre o risco iminente da falta de transporte coletivo para a população da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Com a confirmação do novo reajuste de 8,9% do óleo diesel a partir de terça-feira, as empresas serão obrigadas a promover reduções na operação e adaptar a frota atual em circulação à capacidade financeira. Com o aumento, a crise econômica vai se agravar e o cenário se tornará insustentável, levando a medidas de racionamento de combustível, com a priorização de determinados serviços e linhas de ônibus em horários de maior movimento.
Na falta de medidas urgentes e efetivas, as operadoras de transporte não terão outra opção a não ser manter parte da frota parada nas garagens, provocando impacto direto nos deslocamentos diários de mais de três milhões de passageiros. Desta forma, haverá mudanças necessárias nos horários de menor movimento pela manhã, à tarde e à noite e durante os fins de semana. A decisão, embora seja excepcional, afastaria o risco de pane seca na frota em operação e a interrupção do serviço durante as viagens, o que prejudicaria ainda mais os passageiros, que já vem sendo impactado nos últimos anos pela crise que atinge o transporte por ônibus.
Desde o início do ano, a alta acumulada nas refinarias chega a 47%, de acordo com a Petrobras. O último reajuste, de 24,9%, havia sido anunciado em 11 de março. Com a crescente oscilação do preço do combustível, o óleo diesel passa a ser o principal item no custo de operação das empresas de ônibus, representando agora 32% do total. O novo aumento é um duro golpe a um sistema de transporte já combalido, que já chegou ao seu limite com o esgotamento financeiro das empresas. Pressionadas, as operadoras terão ainda mais dificuldade para a compra de combustível e para manter a frota em circulação, o que reduzirá a oferta de ônibus e levará à degradação do serviço prestado à população. Em Magé, a empresa operadora corre o risco de paralisar as atividades e já alertou a Prefeitura.
É importante ressaltar que os impactos causados pelo reajuste do diesel ao longo dos últimos dois anos não foram compensados, até agora, por aumentos de tarifa ou subsídios por parte de prefeituras ou do Governo do Estado. Assim, aumenta o risco considerável de o passageiro não poder contar com o sistema de ônibus regular para a maior parte de seus deslocamentos, abrindo espaço para o transporte clandestino e sem regulamentação, intensificando a desordem e a insegurança.
Por isso, torna-se urgente e inadiável a adoção de ações emergenciais por parte dos governos federal, estadual e municipal, no sentido de garantir a continuidade da operação de um setor vital para a população e para a economia fluminense.