A Polícia Federal indiciou o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), sob suspeita dos crimes de corrupção passiva e peculato. A investigação apurou desvios de recursos de programas estaduais durante o período em que Castro foi vereador e, posteriormente, vice-governador do estado, entre 2017 e 2020. A informação foi revelada pelo UOL e confirmada pelo Mobilidade Rio.
O inquérito foi enviado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que é responsável por analisar ações envolvendo governadores. A decisão sobre a aceitação do indiciamento e a eventual denúncia de Castro cabe à Procuradoria-Geral da República (PGR).
Em nota, Cláudio Castro afirmou que sua defesa solicitará a anulação do relatório da Polícia Federal e declarou confiar na Justiça, acreditando que tudo será esclarecido ao longo do processo legal. “Causa estranheza o fato de, em todos esses anos, o governador sequer ter sido convocado a prestar qualquer esclarecimento sobre os fatos”, diz a nota. A defesa também alegou que as informações sustentando a investigação são infundadas e baseadas em uma delação de um réu confesso.
O advogado Carlos Luchione, representante de Castro, afirmou à Folha não ter tido acesso ao relatório da PF.
A investigação apurou desvios de verbas de programas de assistência social no Rio de Janeiro entre 2017 e 2020. Delações premiadas de Marcus Vinícius Azevedo da Silva, ex-assessor de Castro, e Bruno Selem, funcionário da Servlog, empresa investigada, acusaram o governador de receber propina de empresários ligados a projetos sociais.
Silva alegou que Castro gastou US$ 20 mil em uma viagem a Orlando, Flórida, e recebia propina de contratos da Fundação Leão 13 e da Subsecretaria da Pessoa com Deficiência. Um desses contratos era para o projeto Novo Olhar, gerido pela empresa Servlog Rio, do empresário Flavio Chadud. Selem afirmou que Chadud entregou R$ 100 mil em dinheiro vivo a Castro em julho de 2019. A Polícia Civil localizou um vídeo mostrando Castro saindo com uma mochila na data indicada pelo delator. Castro afirmou que havia chocolate na mochila e que a visita foi a um amigo.
Com o indiciamento, Castro se junta à lista de ex-governadores do Rio de Janeiro investigados por corrupção, incluindo Moreira Franco, Anthony Garotinho, Rosinha Garotinho, Sérgio Cabral e Pezão —este último absolvido cinco anos depois.